sexta-feira, 5 de junho de 2015

Ciência e poesia na obra de Augusto dos Anjos



A poética científica na literatura teve uma certa força durante o século XIX no Brasil. Isso se deve ao fato de que, naquele período, a ciência entrou como uma oposição ao romantismo, movimento até então em voga na literatura tupiniquim.

O fim do romantismo criou s condições necessárias para a poética científica aflorar no país.
O Romantismo já estava com os dias contados e alguns poetas daquela geração chegavam a cultivar um certo desprezo pela poesia romântica. Machado de Assis tentou explicar esse desdém no ensaio A Nova Geração, em que o célebre escritor destacou que o lirismo pessoal de lugar a uma “ mais enervadora música possível”, bem como o avanço da ciência, que descortinou diante dos olhos dos artistas um mundo de descobertas e possibilidades estéticas.

Foi nesse contexto sócio-cultural que o poeta Augusto dos Anjos entreou em cena com os seus vermes e cadáveres pútridos.

Augusto dos Anjos viveu no período compreendido entre 1884 a 1914, no qual floresceu a poesia realista em suas várias facetas. De uma forma geral, a poesia parnasiana – representada por Olavo Bilac (1865-1918), Alberto de Oliveira (1857-1937), Raimundo Correa (1859-1911) e Vicente de Carvalho (1866-1924) – ocultou bastante um tipo de poesia que floresceu logo na terceira fase do Romantismo, com Castro Alves e Fagundes Varela, que ficou conhecida como poesia científica e teve dois grandes defensores: Sílvio Romero (1851-1944) e Martins Júnior (1860-1904), que almejavam construir "uma poesia científica".
Augusto dos Anjos continuou carregando a tocha dessa poesia científica e, não por acaso, é um dos nomes mais expressivos desse subgênero. É óbvio salientar que outros predicados devem ser atribuídos na obra dele. A escrita do cara era inovadora, precursora, provocativa e, sem exageros, antecipou alguns elementos da poesia modernista que deu as caras dez anos após a publicação do único livro do poeta, o Eu (1912).

Apesar do tom pessimista da maioria dos seus poemas e de conter termos que combinariam mais em um livro de medicina do que propriamente um poema, Augusto dos Anjos (1884-1914) permanece vivo na memória das pessoas.

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